Tarifas de Trump mudam o jogo e Adidas pode igualar preços no Brasil e nos EUA

Hartmann Braun
Hartmann Braun

O impacto das novas tarifas impostas por Donald Trump já começa a reverberar no mercado global e promete transformar a forma como os consumidores enxergam os produtos da Adidas. A gigante alemã, que há décadas se beneficia da competitividade de sua produção internacional, agora enfrenta uma dura realidade: o aumento drástico de impostos sobre importações nos Estados Unidos. O resultado direto desse novo cenário é que a Adidas pode igualar os preços no Brasil aos praticados no exterior, mudando completamente a lógica de consumo que favorecia compras em viagens.

O efeito Trump sobre os preços da Adidas é imediato e agressivo. A marca já antecipou que terá um custo adicional de aproximadamente 200 milhões de euros só no segundo semestre para lidar com a nova política comercial norte-americana. A resposta da empresa tem sido cautelosa, mas objetiva: a tendência é que os preços da Adidas nos Estados Unidos fiquem mais altos, enquanto no Brasil, impulsionados pelo câmbio e pela nova estratégia, possam se manter estáveis ou até mais competitivos.

O aumento de preços da Adidas nos Estados Unidos deve atingir diretamente os consumidores americanos, mas indiretamente pode beneficiar os brasileiros. Tênis consagrados como o Adidas Gazelle, o Adidas Samba e o Adidas Spezial, que antes custavam muito menos nos Estados Unidos, agora se aproximam do valor cobrado em território nacional. Se somarmos o câmbio desfavorável e a pesada carga de impostos estaduais norte-americanos, a tradicional vantagem de comprar fora já não faz mais sentido.

Essa transformação na estratégia de precificação da Adidas surge em meio à divulgação de um relatório financeiro do segundo trimestre de 2025, que revelou perdas milionárias provocadas pelas tarifas de Trump. A Adidas viu suas ações caírem no mercado, ao mesmo tempo em que tenta manter o otimismo em seu guidance anual. Diferente da Puma, que rebaixou suas expectativas, a Adidas prefere adotar cautela e observar os movimentos do mercado antes de tomar decisões drásticas quanto a aumentos generalizados.

O CEO da Adidas, Bjørn Gulden, afirmou que a marca não pretende liderar aumentos de preços e que irá revisar sua política apenas quando as tarifas estiverem completamente definidas. Ainda assim, deixou claro que os ajustes deverão ocorrer em novos lançamentos, evitando penalizar as linhas já consolidadas no mercado. A Adidas pretende agir com calma, mas o impacto das tarifas de Trump já é um fato consumado e está influenciando todas as decisões estratégicas da companhia.

Com as tarifas de Trump pressionando os preços da Adidas no exterior, o Brasil passa a ser um terreno de equilíbrio. Antes, a diferença de valores fazia com que consumidores brasileiros recorressem às viagens ou importações paralelas para adquirir produtos da marca. Agora, com a reconfiguração dos custos, a tendência é que os modelos da Adidas ganhem ainda mais relevância no mercado interno, incentivando as compras locais e fortalecendo o varejo esportivo nacional.

Apesar das incertezas econômicas provocadas pelas tarifas de Trump, a Adidas mantém sua posição como uma das líderes globais do segmento esportivo. Os consumidores brasileiros, antes penalizados pela diferença cambial e impostos de importação, agora podem encontrar vantagens ao comprar Adidas sem sair do país. Isso também traz uma oportunidade para o mercado nacional se fortalecer, desde que a marca aproveite a maré e invista na expansão de estoques e oferta de produtos de alta demanda.

O efeito Trump sobre os preços da Adidas é mais do que uma questão econômica, é um reflexo direto das novas tensões comerciais internacionais. Com tarifas bilionárias e o risco de retração no consumo americano, marcas globais como a Adidas se veem obrigadas a rever posicionamentos e estratégias em tempo real. Para o consumidor brasileiro, a mudança pode representar o fim do mito de que só compensa comprar fora. Agora, com o novo cenário, a Adidas pode custar o mesmo aqui e lá. E, em alguns casos, até menos.

Autor: Hartmann Braun

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